Nutrição e Saúde

Novo relatório sobre segurança alimentar e combate à fome: 720 milhões de pessoas passam fome

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou, dia 28 de julho, o seu relatório anual que acompanha os progressos globais em direção ao objetivo de Fome Zero, abordando a inflação dos preços dos alimentos este ano e as suas consequências para a segurança alimentar e a nutrição.

O relatório revela que a fome afetou 8,2% da população mundial em 2024, o que corresponde a cerca de 720 milhões de pessoas. Este número representa uma descida face aos 8,5% registados em 2023 e aos 8,7% em 2022. Foram feitos progressos significativos no Sudeste Asiático, Sul da Ásia e também na América do Sul, com o Brasil a sair do mapa da fome da FAO. No entanto, a situação está a agravar-se em África, onde uma em cada cinco pessoas passa fome e dois terços da população não consegue pagar uma alimentação saudável, e no Médio Oriente, onde uma em cada sete pessoas enfrenta a fome.

Os custos alimentares são vulneráveis a choques ambientais, como a seca, tornando essencial que os países façam a transição para sistemas alimentares sustentáveis e resilientes, que enfatizem a produção de alimentos de origem vegetal e com baixas emissões.

“Os países precisam de investir no fortalecimento das cadeias de abastecimento alimentar de origem vegetal, a nível interno, e de estabelecer parcerias com institutos de investigação e com a indústria alimentar para promover a inovação climática,” afirmou Juliette Tronchon, responsável pelos Assuntos da ONU na ProVeg International.

“Ao adotarmos dietas mais ricas em alimentos de origem vegetal, cultivando culturas mais resilientes ao clima e diversificadas, destinadas ao consumo humano direto, podemos reforçar a segurança alimentar no Sul Global,” acrescentou Juliette.

Produzir alimentos para consumo humano aumentaria a disponibilidade calórica em 70% e poderia alimentar mais 4 mil milhões de pessoas. No entanto, uma grande parte das culturas comestíveis – em especial trigo, milho, bem como leguminosas como soja e ervilhas – é usada para alimentação animal.

O relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI) foi apresentado na Segunda Avaliação Intercalar da Cimeira dos Sistemas Alimentares da ONU (UNFSS+4), realizada na capital etíope, Adis Abeba, e acompanha os progressos rumo ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 da ONU: Fome Zero.

Visita ao Centro de Investigação Agrícola de Melkassa

A equipa da ProVeg presente na cimeira aproveitou para visitar o Centro de Investigação Agrícola de Melkassa, localizado a cerca de 100 km de Adis Abeba, onde assistiram à plantação de árvores de abacate, manga e banana.

O centro realiza investigação nas áreas das culturas agrícolas, silvicultura e engenharia agrícola, entre outras, sob supervisão do Instituto Etíope de Investigação Agrícola.

Durante a visita, a ProVeg ficou a saber que o centro desenvolveu cerca de 300 novas variedades de leguminosas, muitas delas resistentes à seca e com alto valor nutricional, que já estão a ser comercializadas e consumidas localmente, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional e trazendo benefícios económicos.

“Foi inspirador visitar o centro e ver como é possível transformar os sistemas alimentares através da produção de alimentos vegetais sustentáveis e amigos do clima,” afirmou Juliette.

“O trabalho desenvolvido no centro é fundamental para ajudar os países do Sul Global a adotarem sistemas alimentares sustentáveis, que apoiem os ecossistemas em vez de contribuírem para a sua degradação,” acrescentou.

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